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A Câmara Municipal celebrou hoje solenemente o 25 de Abril – data da revolução dos cravos – e que instituiu a democracia no país. Começou com o hastear da bandeira do concelho e de Portugal e contou com uma reunião comemorativa da data da Assembleia Municipal que se realizou nas instalações da Força Aérea, em Penamaior.

Durante a cerimónia, os  ex-presidentes de Junta de Freguesia que cessaram funções no último mandato autárquico foram distinguidos com uma placa –  Joaquim Martins (Carvalhosa), Filipe Pinto (Ferreira), José Luís Monteiro (Freamunde), Alexandre Costa (Paços de Ferreira) e António Carvalho (Penamaior).

Miguel Costa, presidente da Assembleia Municipal de Paços de Ferreira

Agradeceu a disponibilidade da Força Aérea para a realização da Assembleia Municipal Evocativa do 48º aniversário da Revolução de Abril nas instalações militares que tanta história preserva e que a todos nós nos prestigia.
É a nossa obrigação relembrar nesta data o feito heroico dos militares decorrido há 48 anos e que tiveram com a adesão popular as condições para que a Revolução dos Cravos tivesse culminado com a construção e na renovação de um país que vivia no ostracismo, vergado pelo regime fascista e ditatorial.
Mas, 48 anos depois, é de igual modo importante compreender os tempos em que vivemos, sob pena de não enxergarmos o que verdadeiramente está em causa, preocupa as pessoas, e é preciso fazer.
Importa compreender o que acelerou estas novas realidades que vivemos, o que leva ao afastamento dos cidadãos comuns da ação política, o que gera as derivas políticas extremistas, o que gera o descontentamento geral que provoca um sentimento de desconfiança face aos governantes e instituições.
Nestes 48 anos o mundo mudou e Portugal não é exceção Atrevo-me a dizer-vos que tudo mudou, ou quase tudo e parece que não nos apercebemos.
Compreendemos  justa luta do operário
Reclamam melhores condições de vida
Trabalhadores reclamam melhores salários
Famílias melhor apoios
Escola pública aberta a todos e SNS
Classe média sufocada
Empresários
São lutas que exigem respostas efetivas para a manutenção da paz social
Hoje existe uma nova geração
Ao contrário das gerações anteriores, exigimos deles uma maior preparação académica para conseguirem um emprego que nem sempre corresponde à expectativa salarial. Mas são estes nativos digitais que não se conformam e ambicionam atingir as suas metas, que parecem desconfiar das lideranças democráticas porque elesMas são os cidadãos da era moderna que estão atentos ao que nos envolve e progridem o nosso país, que têm ideias inovadoras e empreendem, que rasgam tabus e preconceitos e que constroem o seu próprio modelo de família e escolhem em quem confiar e que desejam construir um futuro melhor para a sua geraçãoTemos a obrigação moral, social e política de os compreender e de lhes dizer que acreditamos neles, que eles são o nosso futuro coletivo, lembrando-nos de que com alicerces, tais como com um edifício, que hoje se constrói com bases sólidas um futuro. (…) Esta nova geração sente que não é ouvida, que não é chamada à participação democrática e, por isso, quer rejeitar modelos de governança e de participação cívica com os quais as gerações anteriores viveram.Estes jovens, que hoje nascem, assumirão o protagonismo em algumas décadas

Cabe-nos, pois, estar atentos e saber transmitir os valores de abril confiantes de que os jovens que sabem que, independentemente das circunstancias, há valores que não caem em desuso e são sempre a base mais sólida das mais futuristas sociedades dos países mais evoluídos

Célia Carneiro – PSD

Mais uma vez, reunimo-nos para celebrar o 25 de abril de 1974 e fazemo-lo num local que historicamente marcou o nosso concelho. A instalação da Esquadra 12 em Paços de Ferreira trouxe uma nova dinâmica a uma pequena e aparentemente esquecida vila, uma dinâmica não apenas económica e militar, mas também social.
Quantas famílias que hoje se consideram pacenses de gema não tiveram origem em militares colocados na Esquadra 12 e oriundos de outras paragens? A assim, estarmos aqui hoje é celebrar também uma parte importante da história do nosso concelho
Por opões políticas perdemos a esquadra 12 no centro da cidade, mas mantemos as memórias e este local que no alto do nosso concelho continua a servir o nosso país e parceiros da NATO cumprindo a sua função na manutenção da segurança e soberania de todos.
Por isso, gostaríamos de louvar a ideia de realizar a cerimónia neste local e agradecer ao Senhor Comandante a disponibilidade para nos receber aqui a todos.Se houve mudança que foi determinante foi o reconhecimento da dignidade da pessoa humana e os direitos a que essa dignidade implica
Que estejam reconhecidos e plasmados na constituição da republicaCom o 25 de abril passamos de um estado paternalista para um estado onde o povo decide e manda. Com o 25 de abril, passamos de um estado onde as mulheres eram enaltecidas como esteio da família e da sociedade, mas onde não tinham direito sequer de votar, para um estado onde as mulheres, ainda com todas as dificuldades existentes, assumem cada vez mais papéis de maior responsabilidade e podem ousar sonhar.
Hoje, Portugal está no pelotão da frente dos direitos humanos. Mas não nos iludimos. Há ainda muito a fazer, há condições nas prisões a melhorar, há que garantir que ninguém morre às mãos de forças do estado que têm a função de nos proteger. Há que garantir que todos e todas independentemente do género, orientação sexual, raça e local de nascimento são tratados com a mesma dignidade e respeito.
Compromisso que nunca deveremos abandonar
Atualmente, a Europa enfrenta o maior desafio das últimas décadas. O confronto a que hoje assistimos vem mostrar-nos que afinal a luta pelos direitos humanos nunca está acabada.
As últimas semanas assistimos ao que a humanidade tem de pior.
Cada ucraniano morto, torturado, violado e obrigado a fugir de sua casa para sobreviver é um ataque à dignidade de todos os seres humanos. Porque a dignidade humana é só uma.
Por tudo isto, Portugal e o nosso concelho têm de estar no portão da frente no apoio às vítimas desta calamidade. Este conflito veio mostrar que afinal a democracia, o direito de escolha, de certa forma o modo de vida da Europa Ocidental não é um dado adquirido. Aquilo que conquistamos desde 1974 não é indestrutível. A paz que a Europa finalmente conseguiu alcançar é afinal, frágil, e depende de cada um de nós.
Luís Miguel Martins – PS

Não sei o que foi viver 48 anos em ditadura Eu, como tantos outros jovens da minha geração, somos filhos da democracia que olham poeticamente para a conquista da liberdade pelo povo com cravos na mão e que nunca souberam o que foi viver a eternidade da ditadura e sentir a liberdade como apenas um sonhoPassados 48 anos, as ambições de Abril não se desvaneceram com o tempo, antes se reforçaram. A liberdade não é um ponto de chegada, antes um processo. A democracia não é um valor absoluto, antes um momento que carece de inovação, melhoria e reforço. Celebrar Abril é relembrar os que o fizeram, celebrar a coragem, comemorar a valentia daqueles que colocaram a esperança e o sonho coletivo em primeiro lugar. Hoje, 25 de abril, é celebrar, homenagear, mas acima de tudo recordar aos mais jovens que a liberdade, com todas as suas responsabilidades e consequências, é o grande fundamento da dignidade humana.

Liberdade e democracia são sempre obras inacabadas. Descobrimos há bem pouco tempo que nunca estão imunes a ameaças.

De repente, a liberdade que nos era dada viu-se prisioneira de um vírus invisível e silencioso. As nossas vidas mudaram. Afetaram a vida de todos. Ainda assim, não vimos ser suspensa a democracia.Os jovens são hoje os capitães de abril contemporâneos, que não tendo a missão de lutar contra uma ditadura, têm a missão preservar, lutar, manter a liberdade e a democracia no nosso país. Não podemos ignorar o muito que ainda há para fazer pelo país e pelo concelho que desejamos e merecemos.

Democracia tem problemas e desafios urgentes: Populismos, Imperialismos e extremismos

Humberto Brito

Invocar o 25 de abril de 1974 é invocar o papel decisivo que as forças armadas tiveram há 48 anos para a mudança do regime do nosso país. (…) Estando hoje numa base militar, revela-se oportuno que essa homenagem e reconhecimento sejam feitos. O tempo passa, a memória fica.

Esta unidade assume um papel fundamental no sistema de defesa aéreo nacional, contribuindo de forma decisiva para a soberania nacional e para o cumprimento dos nossos compromissos com a organização do tratado atlântico norte

Realçou a importância da NATO para a segurança coletiva internacional
Importância de uma estrutura desta natureza tem para garantir a segurança coletiva, em súmula, a nossa liberdade

A guerra que alastra na Europa oriental afeta toda a europa e o mundo, guerra que mostra que, afinal, a paz social não é um bem adquirido e merece atenção redobrada.

Ao invocarmos o 48º aniversário da Revolução dos Cravos invocamos também uma das suas maiores conquistas: o poder local. O poder local que, de todos, é o que está próximo do cidadão, capaz de captar angústias e dificuldades, resolver rapidamente problemas e de assegurar os valores de abril.

É a data oportuna e adequada para que seja prestada homenagem pública aos ex-presidentes de junta de freguesia, que nos seus mandatos abraçaram a causa pública. Cada um, com a vossa visão e engenho, aplicaram os recursos públicos que o Estado colocou ao seu dispor, para darem corpo ao princípio constitucional da perseguição dos interesses das populações.

Promoveram uma sociedade mais igualitária e equitativa, capaz de enfrentar novos problemas. Contribuíram para a consolidação da democracia e para a afirmação do poder local autárquico.

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NOTA – Agradecimento o Ricardo Rodrigues, do IMEDIATO, que assistiu à cerimónia no interior da Esquadra da Força Aérea. Pacoslook.pt e radiofreamunde.pt acompanharam o protesto da Gazeta de Paços de Ferreira e não entraram nas instalações dada a obrigatoriedade de uso de máscara – condição que não foi colocada no momento de inscrição para participar na cerimónia.
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